sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Pão Difícil

Minuto a minuto passa o ano
E uma nova história sempre construída
Ôxe, o tempo voa, vai embora
Lambendo açúcar
Partindo pão.
Pessoas passam
Minuto a minuto
Pensando o pão
E no dinheiro para comprá-lo.
A história construída
O tempo passado
A barriga vazia

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

ATENTADO

Andava pela rua tranquilo como um bom samaritano.
Pessoas felizes com a sua presença, gritavam desconexas;
Era uma tarde exuberante e cheia de otimismo; apesar do calor, do suor e do povo;
A brisa marinha raspava sua calva descoberta e bronzeada;
A rua estava feliz, o povo estava feliz, o mar estava azul.

Mas nem tudo é perfeito neste reino de gente “amarga” e vermelha que de longe começaram a mangar dele.
Povo mesquinho; ali uma liderança nacional e eles contra;
Paciência, pensou o líder com sua calva messiânica.

De repente algo veio ao seu encontro e o encontrou no meio de uma oração (um costume seu, muito antigo, caminhar orando).
Como é gostoso orar, rezar; os santos, o povo de Deus, os bispos, os pastores, até o papa.
“Deixa para lá, foi algo se importância; acho que alguém passou o lenço em minha calva suada.” Pensou .
E aquele homem, cheio de ternura e graça por ali a passear.

O telefone toca.
“Patrão é para o senhor.”
Atende.
Coça a cabeça.
Corre até a van.
Hospital.
Ressonância magnética.
Estava zonzo.
Seu equilíbrio.
Meu Deus!
Ai de mim;
alguém viu?
Não?
Ah!
Bem, sofri um atentado!

Manchete: “o homem calvo. Aquele homem, pronto para abraçar o Brasil, o mundo, foi alvejado!”
Perito: “Tenho certeza e acredito. Foi sim. Foi um rolo.”
“Compressor?” Perguntaram.
“Não. Rolo de fita. 500 gramas; mais a velocidade, a força, a trajetória: traumatismo. Ai, ai.”

Ah! meu Deus, como pode tamanha desfaçatez?
Será que Cristo também fingiu?
Kennedy, João Paulo II, Reagan?
Bolinha de papel; não fere, não machuca, não causa dor, não ganha eleição.
Adeus homem calvo. Adeus homem.



Porto Velho
nov. 2010

domingo, 14 de novembro de 2010

LA FUGA

Excelente poema do peruano Arturo Corcuera que esteve recentemente em Porto Velho.




¡Espinita de la tierra
hiérele sus pies desnudos!
Mi Camucha, tan porfiada,
se quiere fugar con otro
degollando mi cariño.
¡Espinita de la tierra
hiérele sus pies desnudos!
¡Avispa de los aires
pícale en el corazón!                
Si ahora niega quererme
por qué no lo negó         
aquella noche en la yerba.                
¡Avispa de los aires                       
pícale en el corazón!




Cantoral, Lima 1953.

Os Estatutos do Homem (Ato Institucional Permanente) A Carlos Heitor Cony

Publico hoje este lindo poema de Thiago de Mello



Artigo I 
Fica decretado que agora vale a verdade.
agora vale a vida,
e de mãos dadas,
marcharemos todos pela vida verdadeira.

Artigo II 
Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.

Artigo III 
Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança.

Artigo IV 
Fica decretado que o homem
não precisará nunca mais
duvidar do homem.
Que o homem confiará no homem
como a palmeira confia no vento,
como o vento confia no ar,
como o ar confia no campo azul do céu.

Parágrafo único: 
O homem, confiará no homem
como um menino confia em outro menino.

Artigo V 
Fica decretado que os homens
estão livres do jugo da mentira.
Nunca mais será preciso usar
a couraça do silêncio
nem a armadura de palavras.
O homem se sentará à mesa
com seu olhar limpo
porque a verdade passará a ser servida
antes da sobremesa.

Artigo VI 
Fica estabelecida, durante dez séculos,
a prática sonhada pelo profeta Isaías,
e o lobo e o cordeiro pastarão juntos
e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.

Artigo VII
Por decreto irrevogável fica estabelecido
o reinado permanente da justiça e da claridade,
e a alegria será uma bandeira generosa
para sempre desfraldada na alma do povo.

Artigo VIII 
Fica decretado que a maior dor
sempre foi e será sempre
não poder dar-se amor a quem se ama
e saber que é a água
que dá à planta o milagre da flor.

Artigo IX 
Fica permitido que o pão de cada dia
tenha no homem o sinal de seu suor.
Mas que sobretudo tenha
sempre o quente sabor da ternura.

Artigo X 
Fica permitido a qualquer pessoa,
qualquer hora da vida,
uso do traje branco.

Artigo XI 
Fica decretado, por definição,
que o homem é um animal que ama
e que por isso é belo,
muito mais belo que a estrela da manhã.

Artigo XII 
Decreta-se que nada será obrigado
nem proibido,
tudo será permitido,
inclusive brincar com os rinocerontes
e caminhar pelas tardes
com uma imensa begônia na lapela.

Parágrafo único: 
Só uma coisa fica proibida:
amar sem amor.

Artigo XIII 
Fica decretado que o dinheiro
não poderá nunca mais comprar
o sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
para defender o direito de cantar
e a festa do dia que chegou.

Artigo Final. 
Fica proibido o uso da palavra liberdade,
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre
o coração do homem.


Santiago do Chile, abril de 1964 

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Forte abraço !

O sonho se foi
E com ele a dor
o cansaço e a solidão
ficando tão só a certeza
de que o desejo de amar virá
na próxima primavera,
dentro de uma flor.
 
 
     José Costa
  Recife, 15/05/2007

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

DISCURSO ELEITORAL


Querido eleitor
sou pobre, nasci pobre
vendi fruta
gosto de pagode

Meu pai
gente nobre
aprendi então
a gostar de cobre

Minha infância
minha barraquinha
pão com manteiga
“mortandela” todo dia

Me perseguiram
fui para o estrangeiro
o sigilo da Vevê
entraram por inteiro

O salário mínimo,
dez por cento tá bom
para o pobre cozinhar
em panela de teflom?

Aquele pernambucano
não merece tudo isso
eu falo bem pra caramba
meus olhos, sou bonito

Por isso eleitor
quando pensar em mim
pense também no FH
que o resto Deus proverá

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

DENTRO DE SI

Meu Deus!
aquele rapaz
transfigurou-se
ficou colérico!

Meu Deus!
é difícil acreditar
mas café quente pode queimar a língua
e manchar a roupa

Aquele rapaz!
de si uma fera
assustadora saiu
em busca da pauta

Aquele Rapaz!
construtor de belíssimos poemas
tem mais é um anjo
dentro de si.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

INDIGNAÇÃO

Essa é do meu amigo e poeta Paulo Sérgio. Valeu Paulo! O rio Madeira também agradece.






Haa! Se meu Rio fosse chamado de MAMADEIRA
Seria melhor e mais apropriado!
Alimenta o filho nativo ao filho adotivo, o “migrante”,
O qual aqui se estabelece e, na maioria das vezes,
É mais abençoado que os legítimos!
Por merecimento também de sua parte, convenhamos.
O mesmo Rio, com suas águas turvas e barrentas,
Com uma alma benévola, batiza o nômade por conveniência
E chama-o de FILHO!
Convertido, fica convencido, orgulhoso e confiado!
E torna-se um filho rebelde!
Rebelde calçado, vestido e letrado.
E começa a pisar, cuspir na água que bebeu às margens do Rio
Rima RONDÔNIA com VERGONHA.
Fala mal da cidade, do povo humilde
Das ladeiras, das casas de palafitas, dos inúmeros buracos
Maltrata nossa história dizendo que é tudo
Horrendo, melequento, pestilento e sarnento.
E eu, quase engulo, fico quieto, finjo que agüento.
Diz ainda que as margens da Cachoeira está cheia de lixo
Da Maria Sucata e de gente favelada.
E na Vila Candelária, há um cemitério
Que é cenário real de filme de terror permanente.
Que o Relógio Central, é tal e qual os nativos:
Vivem em inanição e atrasados!
Falam também em formas de enigmas
Ou palavras arcaicas como MANDRIÕES
Imaginando que os filhos do Rio,
São ignorantes ante o significado da palavra PREGUIÇOSO
E que o exército, o “quinto dos invernos sem breque”,
Deveria assumir o comando novamente, e acabar o que começou:
DESTRUIR DE VEZ a Velha Ferrovia!!!!
E que as Três Marias, tem mesmo é que serem abandonadas e esquecidas.
E o lugar delas é mesmo na praça, 
Pois lá tem mais freguesia!
Prostituindo com tal discurso, as IRMÃS DE AÇO!
Falam também que o curso que o Rio faz,
Não se dever dar DIPLOMA OU CERTIFICADO,
Pois continua tão tolo, alimentando seus filhos que, para eles, futuro não tem!
E que o nosso Museu, não passa de UM FERRO VELHO CENTRAL BEM LOCALIZADO!!!!!!!!!!!!!
Os nativos desta “TERRINHA”,
Deveriam ter o CRÂNIO RACHADO
Não os pés, que nem pra calçados servem!!!
Nos meus olhos se ver então uma tristeza...
Ouvir isso deles...!
Uma imensa indignação em meu ser também se apodera.
Eu que os considero como IRMÃOS E IRMÃS.
Mas eles “tão” letrados, falam o que falam por que desconhecem a verdadeira historia
Daqueles bravos guerreiros e desbravadores pioneiros.
Desconhecem as vitórias e derrotas, lágrimas e sorrisos
O sangue, vida e morte daquele povo que vieram para esta terra
Das várias partes deste País e do Mundo.
E fizeram a história deste Rio.
E tudo isso serviu para alimentar o Rio e a vida de seus descendentes,
E de um porto que sim, era velho, mais foi sábio.
Colocou pimenta na história e uma dúvida de PIMENTEL na sua existência!
Os pioneiros e seus descendentes podem até ser pacientes...
Mas de forma alguma desonrados ou acomodados!
Os RIBEIRINHOS E BERADEIROS destas margens, NATIVOS DO RIO,
Podem até não ter herdado a forma aguerrida de seus antecessores!
Os pés podem ser rachados, mas lhes garanto: se seus crânios tocados sejam...
Tal forma aguerrida ressurgirá!
Portanto, irmãos e irmãs do mesmo Rio,
Não façam eu, de tão baixa estatura,
Confundi-los, sem intenção, da MULHER QUE SOU!!!!!!!!!!!
De nada adianta CINCO certificados ou diplomas, se és ignorante
Pensando que o local da Estrada de Ferro é ZONA!
Haaa! Se meu Rio fosse chamado de MAMADEIRA
Seria melhor e mais adequado.
Pois sujam a água, a paciência, sua reputação.
Se meu Rio, MADEIRA é chamado,
E alimenta o filho legitimo e o ‘(A)BASTARDO’
Semelhante a uma mãe que o seio oferece,
E essa mãe é humilhada diante do filho que a ama mais que a si mesmo,
A madeira do seu nome toma outra forma.
Assumi nova função.
E o filho amado se afasta de Deus e de tudo que Sua Mãe ensinou
E usa a arma contra o infame.
Fazendo o feitiço volta a sua origem.
E faz filho adotivo parecido com os pés do nativo: RACHADO!!!!!
E VINGA a honra de sua mãe!
Mas nesse entre tempo, surge o VELHO SÁBIO,
Pintando seu cachimbo a beira do Rio
E lembra-me de alguns filhos dos vários que vieram para essas margens,
E são tão honrados tanto quanto os nativos.
E fala-me os nomes de  ARY TUPINAMBÁ, ALUIZIO FERREIRA JORGE TEIXEIRA, BORTOLETE, ROCCO NELSON FLORES, RAIMUNDO NONATO DA SILVA, MACILON,BADRA...e muitos mais.
E os botos concordam, com ele, fazendo uma coreografia entre os cardumes de mandis e barbachatas.
E continua o Velho Sábio: - O Rio é Madeira e tem esse nome por ser forte como o povo
Que aqui vieram e vem se estalam vivem e morrem. Fazendo parte da nova história, e são todos irmãos.
Qual família que não tem conflitos de idéias e rebeldias?
A água do Rio é barrenta, parecendo suja, mas durante a noite,
O luar a deixa prateada.
De dia o sol a faz um tom “douradim, douradim”
Deixe que fique assim... Não suje com outra cor, a escarlate,
Não suje meu filho, as águas do Rio, nem suas mãos dessa cor forte que é o CARMIM!
E eu que só tenho a cara de besta,
Obedeço ao Velho Sábio.



PAULO SERGIO ( PARA MARCIA “TÃO INDIGNADA”)

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

SUPER MERCADO

A farinha, o feijão
O arroz, a carne, o macarrão
Não param de fugir da vida
A batalha não foi decidida
A laranja, o pimentão
A beterraba, o coco, o limão
Via de regra estão zombando
Do asno que ganha pouco durante o ano
Para fechar esta história
O homem que não consegue em vida
Alcançar seu instinto almejado
Corre à toa sem vitória
Porque não luta para mudar a sina
Morre distanciado

sábado, 19 de junho de 2010

Poema Brega

É de tarde

Na praça da cidade
Teu cabelo cheiroso
Passou por mim
Fiquei feliz

Mas agora
Mãos peludas
De unhas afiadas
Alisam teus cabelos
Lambem teus pelos

volta "pra" mim?

quarta-feira, 16 de junho de 2010

TCC - Porto Velho, RO, Brazil.

 Trabalho apresentado no curso de fotografia digital.  Tema: O Rio Madeira.

sábado, 5 de junho de 2010

Ignorância

a leveza da flor do ipê
soprada pelo vento de verão
não incomoda aquele homem
ele não quer enxergar porque

mente para si mesmo
que se incomoda com o mundo
de pessoas felizes ou tristes
seu pensamento é  medo

a flor do ipê
não conhece esse homem
que é mudo todo dia
e cara rindo vazia

não é justo que a flor
receba desse homem
tanta insensatez,
pobre homem sem cor


(O Homem Inerte.)

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Quem é esse homem? II

-quem é esse homem
esse animal mesquinho
que do vinho
não sabe de onde vem?


quem é esse homem
que em sua natureza
pouco reza
e se multiplica em crer


esse homem que inicia
sua trajetória promíscua
e não gerencia
os milímetros da régua


esse homem que deixa a rosa
tremendo de medo
que deixa o mundo pequeno
e tantos homens sofrendo




(O Homem Inerte.)

domingo, 23 de maio de 2010

Quem é esse homem?

o bicho da seda em seu casulo
talvez não pensa no futuro
vai tricotando em sua fé
o animal limitado em crer


por isso, percorrendo seu espaço
dentro de um mundo casulo
tece o espaço que regula
seu limite, seu futuro


é um mundo que não expande
estreito dentro da paralisia
de ficar observando as voltas
que a vida dar em demasia


(O Homem Inerte.)



sexta-feira, 14 de maio de 2010

Para quem nasceu em 13 de maio

dia 13 de maio
é um dia diferente
da lavoura não sai paio
da tua mãe saiu gente

nesse dia também
libertaram os negros
por isso fale amém
em tuas mão não tem pregos

negros agora libertos
das malvadezas e grilhões
e tu homem esperto
tens ainda teus culhões?

tua mãe gosta de ti
e isso não é calvário
então torcemos por ti
e feliz aniversário.

terça-feira, 30 de março de 2010

2010

Ah! 2010, chegaste e eu nem sequer me dei conta. Esqueci até meu aniversário em setembro. Tudo culpa tua 2010. Culpa porque ainda não me mostrasses o caminho que quero seguir e sei muito bem que tu o sabes. Mas enfim, não quero mais perder tempo. O tempo urge sempre perto dos mais necessitados e ele já me abocanhou.
Então Chega!! não perderei mais nenhuma tempo.